Tia Regina, como vai a vida aí em cima?
Aqui está a mesma desordem de sempre... Parece que os anos se passaram, que a dor foi se atenuando, que a vida foi se ajeitando, mas no fundo continua a mesma coisa! Continuo com saudade da sua broa, do seu carinho, da sua música, de passar tardes inteiras à toa na sua casa, de ver "Sai de baixo" gravado na fita k 7, de observar o aquário no quarto dos meninos, de esperar minha mãe chegar na ponta dos pés através do murinho, mais alto que eu. Se pudesse me ver hoje, veria que sou capaz de pular aquele murinho sem muito esforço. Aliás, você consegue ver tudo o que se passa aqui embaixo? Se consegue, você pode interferir nas coisas? Se não puder interferir, você pode pelo menos me ajudar a fazer a coisa certa na hora certa, já que você sabe o que se passa?
Deve ter alguma vantagem em se perder alguém que gostamos tanto... talvez a gente ganhe um guia, algo como um imã de bússola, que sempre aponta pro norte. Não sei por que estou escrevendo isso, não faz o menor sentido, até porque se você for capaz de saber o que se passa aqui embaixo, não vai precisar ler o post, já que sabe que estou escrevendo. E se não for capaz, não adianta, já que nao vai poder ler nada disso...
São, mais uma vez, palavras ao vento, mas que expressam saudades, saudades infinitas... Qualquer dia, minha tia, a gente vai se encontrar.
sexta-feira, 3 de dezembro de 2010
quinta-feira, 2 de dezembro de 2010
Superação
Eu sou eu.
Sou eu e minhas dúvidas. Sou eu e minhas respostas.
Mais dúvidas que respostas, mas a vida é assim. Você pensa, age, erra, acerta, vibra, chora, se arrepende, sabe, esquece, mas sempre tem dúvidas. Nunca sabe tanto que não possa ter dúvidas, nem nunca tem tantas dúvidas que não possa ter mais.
E volta e meia aparece a vida, com a maior de todas as dúvidas: viver. E quando ela surge, traz consigo a saudade. E você passa a ter vontade de sentir-se jovem novamente, de reviver algumas sensações, de rever algumas cenas no back up de sua mente, de respirar velhos ares, de olhar velhos montes, de tropeçar em velhas pedras... O desafio maior é ser capaz de fazer todas essas coisas no intocável inconsciente que é a memória. É o desafio de surpreender-se com o passado, de assustar-se novamente, de ter na pele a sensação inédita de olhar-se no espelho vinte anos mais jovem, e tocar seu rosto sentindo rugas. É sentir a dor do primeiro tombo, quando suas pernas são já cobertas de cicatrizes. Sentir prazeres já conhecidos e ainda assim desfrutá-los.
E quando você é capaz de tudo isso, tem vontade de viver, é esta a resposta que a vida quer, tenha vontade. Eis que surge a solução imersa no próprio problema, da mais confusa dúvida advém a mais simples resposta. Junto da vontade de viver, vem a vontade de amar, de se doar, de se conhecer, de respirar, de ter mais dúvidas, e sangrar atrás de respostas, que talvez nunca cheguem...
A grande questão é o que acontece quando não conseguimos vasculhar nossa memória em busca de tantas lembranças-combustíveis da vida. Tal incapacidade de reviver revela-sena reconstrução, e recebe o sugestivo nome de "superação".
Sou eu e minhas dúvidas. Sou eu e minhas respostas.
Mais dúvidas que respostas, mas a vida é assim. Você pensa, age, erra, acerta, vibra, chora, se arrepende, sabe, esquece, mas sempre tem dúvidas. Nunca sabe tanto que não possa ter dúvidas, nem nunca tem tantas dúvidas que não possa ter mais.
E volta e meia aparece a vida, com a maior de todas as dúvidas: viver. E quando ela surge, traz consigo a saudade. E você passa a ter vontade de sentir-se jovem novamente, de reviver algumas sensações, de rever algumas cenas no back up de sua mente, de respirar velhos ares, de olhar velhos montes, de tropeçar em velhas pedras... O desafio maior é ser capaz de fazer todas essas coisas no intocável inconsciente que é a memória. É o desafio de surpreender-se com o passado, de assustar-se novamente, de ter na pele a sensação inédita de olhar-se no espelho vinte anos mais jovem, e tocar seu rosto sentindo rugas. É sentir a dor do primeiro tombo, quando suas pernas são já cobertas de cicatrizes. Sentir prazeres já conhecidos e ainda assim desfrutá-los.
E quando você é capaz de tudo isso, tem vontade de viver, é esta a resposta que a vida quer, tenha vontade. Eis que surge a solução imersa no próprio problema, da mais confusa dúvida advém a mais simples resposta. Junto da vontade de viver, vem a vontade de amar, de se doar, de se conhecer, de respirar, de ter mais dúvidas, e sangrar atrás de respostas, que talvez nunca cheguem...
A grande questão é o que acontece quando não conseguimos vasculhar nossa memória em busca de tantas lembranças-combustíveis da vida. Tal incapacidade de reviver revela-sena reconstrução, e recebe o sugestivo nome de "superação".
terça-feira, 24 de agosto de 2010
Cabra-cega
Eu ando procurando.
Ando procurando a felicidade por todos os cantos.
Já cheguei a achar que encontrei, e quando finalmente ia ter certeza, era só mais uma blefe do destino.
Ando procurando a felicidade no mundo inteiro.
Procuro no norte, no sul, até mesmo na Lua.
O que encontro são apenas ilusões passageiras e pálidas,
que perto da felicidade chegam a ser insignificantes.
Procurei em fotos, em restaurantes, em passeios e festas.
Procurei em casa, em mim mesmo, até na morte.
De vocês tenho apenas lembranças.
Tenho objetos, cartas, cheiros, memórias...
Tenho apenas a dor da incerteza, o ardor da saudade,
que fere, que machuca e grita: não voltarei!
Essa é a consequencia da busca pela felicidade.
Cicatrizes por todo o corpo, arranhões, máscaras, e a saudade,
causa e efeito de tudo isso.
Mas guardo todos os objetos, memorizo os cheiros, revelo as fotos, morro com as lembranças.
Na esperança de que, caso não encontre a felicidade, encontre talvez nessas coisas algo que me reconforte, e que me engane, mostrando somente o espectro da felicidade que outrora eu julgava ter encontrado.
Por enquanto, coleciono objetos e saudades, machuco-me, mais e mais.
Até que encontre finalmente a felicidade, ou morra procurando.
Ando procurando a felicidade por todos os cantos.
Já cheguei a achar que encontrei, e quando finalmente ia ter certeza, era só mais uma blefe do destino.
Ando procurando a felicidade no mundo inteiro.
Procuro no norte, no sul, até mesmo na Lua.
O que encontro são apenas ilusões passageiras e pálidas,
que perto da felicidade chegam a ser insignificantes.
Procurei em fotos, em restaurantes, em passeios e festas.
Procurei em casa, em mim mesmo, até na morte.
De vocês tenho apenas lembranças.
Tenho objetos, cartas, cheiros, memórias...
Tenho apenas a dor da incerteza, o ardor da saudade,
que fere, que machuca e grita: não voltarei!
Essa é a consequencia da busca pela felicidade.
Cicatrizes por todo o corpo, arranhões, máscaras, e a saudade,
causa e efeito de tudo isso.
Mas guardo todos os objetos, memorizo os cheiros, revelo as fotos, morro com as lembranças.
Na esperança de que, caso não encontre a felicidade, encontre talvez nessas coisas algo que me reconforte, e que me engane, mostrando somente o espectro da felicidade que outrora eu julgava ter encontrado.
Por enquanto, coleciono objetos e saudades, machuco-me, mais e mais.
Até que encontre finalmente a felicidade, ou morra procurando.
segunda-feira, 5 de julho de 2010
Desejos
Eu queria ser uma árvore, impassível
Eu queria ser egoísta, só por um minuto
Eu queria ser o árbitro das minhas atitudes
Eu queria ser o sábio das histórias
Eles nunca erram
Eu queria ser, por um momento, onisciente
Eu queria ser mais do que sou, às vezes
Às vezes, contudo, queria ser menos
Eu queria ser também
Eu queria poder ver do alto, tudo
Mas queria descer depois
Eu queria ter, ter e ter...
E ser, também, só meu
Eu queria ser senhor das léguas
Eu queria ser daqui, de lá
Eu queria acertar mesmo errando
E parar de errar, só um pouco
Eu queria ser o mar, um rio
ou talvez um riacho...
Eu queria ser um grão de areia
E isso, absolutamente, eu sou.
Eu queria ser egoísta, só por um minuto
Eu queria ser o árbitro das minhas atitudes
Eu queria ser o sábio das histórias
Eles nunca erram
Eu queria ser, por um momento, onisciente
Eu queria ser mais do que sou, às vezes
Às vezes, contudo, queria ser menos
Eu queria ser também
Eu queria poder ver do alto, tudo
Mas queria descer depois
Eu queria ter, ter e ter...
E ser, também, só meu
Eu queria ser senhor das léguas
Eu queria ser daqui, de lá
Eu queria acertar mesmo errando
E parar de errar, só um pouco
Eu queria ser o mar, um rio
ou talvez um riacho...
Eu queria ser um grão de areia
E isso, absolutamente, eu sou.
quarta-feira, 9 de junho de 2010
Contra-mão
Pessoas vêm e vão...
Algumas ficam, outras ficaram, mas já se foram,
porque pessoas vêm e vão.
Com elas, também as experiências vêm,
e às vezes vão, também.
Deveriam ficar, mas nem sempre ficam.
Já me disseram, algumas vezes,
que o erro vem para ensinar,
e que uma dor serve para cicatrizar a outra,
e assim por diante, num ciclo eterno,
onde o maior prejudicado é sempre você.
Pessoas vêm e vão,
mas trazem consigo um punhado de qualidades e defeitos.
Um punhado de manias, boas e ruins.
Um punhado de vontades.
De rumos... elas vêm, mas elas vão.
Qual o seu rumo?
Quisera eu seguir as pessoas que vêm...
Quanta inocência. Não adianta segui-las,
elas sempre vão, não importa o que você faça.
Siga-as, e elas lhe confundirão,
até perde-las de vista.
Porque elas vão...
Mas, como tudo na vida, há sempre o lado bom:
há sempre alguém pra chegar.
Alguém que também trará suas manias, vontades,
defeitos, qualidades...
Alguém que você irá querer seguir,
mas atenção!
Não siga, pise no freio.
Você não precisa errar de novo,
não precisa sentir dor,
essa dor não lhe fará encontrar a última pessoa que tentou seguir...
Não siga...
Esse alguém, de uma maneira ou de outra,
também ira.
Algumas ficam, outras ficaram, mas já se foram,
porque pessoas vêm e vão.
Com elas, também as experiências vêm,
e às vezes vão, também.
Deveriam ficar, mas nem sempre ficam.
Já me disseram, algumas vezes,
que o erro vem para ensinar,
e que uma dor serve para cicatrizar a outra,
e assim por diante, num ciclo eterno,
onde o maior prejudicado é sempre você.
Pessoas vêm e vão,
mas trazem consigo um punhado de qualidades e defeitos.
Um punhado de manias, boas e ruins.
Um punhado de vontades.
De rumos... elas vêm, mas elas vão.
Qual o seu rumo?
Quisera eu seguir as pessoas que vêm...
Quanta inocência. Não adianta segui-las,
elas sempre vão, não importa o que você faça.
Siga-as, e elas lhe confundirão,
até perde-las de vista.
Porque elas vão...
Mas, como tudo na vida, há sempre o lado bom:
há sempre alguém pra chegar.
Alguém que também trará suas manias, vontades,
defeitos, qualidades...
Alguém que você irá querer seguir,
mas atenção!
Não siga, pise no freio.
Você não precisa errar de novo,
não precisa sentir dor,
essa dor não lhe fará encontrar a última pessoa que tentou seguir...
Não siga...
Esse alguém, de uma maneira ou de outra,
também ira.
segunda-feira, 3 de maio de 2010
Saudade
Nunca pare, nunca reflita, nunca...
Verás que muita coisa não faz sentido
Muita coisa, ou até mesmo nada.
Nada talvez faça sentido...
Vivemos de momentos,
meses, anos, e assim a vida vai.
E ela realmente vai,
por mais que não queiramos...
Vivemos mais que de momentos
Vivemos de encontros e desencontros
que acontecem em momentos
e se perdem nos meses, anos...
E, assim como a vida,
os encontros e desencontros se vão...
Porque algumas coisas resistem tanto à passar?
Porque a saudade não passa?
A saudade do encontro, do momento, do mês...
A saudade do cheiro, do sorriso, dos olhos.
A saudade da saudade...
Porque ela não se vai, como a vida?
Aliás, porque sentir saudade?
Não tente responder até que ponto
ela faz bem ao coração.
Não faz sentido. Nenhum.
Se vivemos de tempo, dias, meses
momentos, anos, que se vão, se vão
e tudo isso é abstrato, tempo é abstrato sim;
Nossa vida é abstrata, somos abstratos.
Vives de momentos,
tão abstratos como o tempo que eles duram.
Também abstratos são os encontros
e desencontros. Desencontros.
Não pare, não reflita
não leia este texto...
Sua vida, seu momento, seu tempo
está passando, indo como os meses.
E seu encontro
acaba de embarcar no primeiro vôo...
Verás que muita coisa não faz sentido
Muita coisa, ou até mesmo nada.
Nada talvez faça sentido...
Vivemos de momentos,
meses, anos, e assim a vida vai.
E ela realmente vai,
por mais que não queiramos...
Vivemos mais que de momentos
Vivemos de encontros e desencontros
que acontecem em momentos
e se perdem nos meses, anos...
E, assim como a vida,
os encontros e desencontros se vão...
Porque algumas coisas resistem tanto à passar?
Porque a saudade não passa?
A saudade do encontro, do momento, do mês...
A saudade do cheiro, do sorriso, dos olhos.
A saudade da saudade...
Porque ela não se vai, como a vida?
Aliás, porque sentir saudade?
Não tente responder até que ponto
ela faz bem ao coração.
Não faz sentido. Nenhum.
Se vivemos de tempo, dias, meses
momentos, anos, que se vão, se vão
e tudo isso é abstrato, tempo é abstrato sim;
Nossa vida é abstrata, somos abstratos.
Vives de momentos,
tão abstratos como o tempo que eles duram.
Também abstratos são os encontros
e desencontros. Desencontros.
Não pare, não reflita
não leia este texto...
Sua vida, seu momento, seu tempo
está passando, indo como os meses.
E seu encontro
acaba de embarcar no primeiro vôo...
terça-feira, 13 de abril de 2010
Prótons, (neutrons) e elétrons
Desconhecemos muita coisa. Mais do que conhecemos. E, o que achamos que conhecemos, às vezes nos surpreende, e mostra-nos do que realmente somos feitos: prótons e elétrons. Já foram muito estudadas por muita gente as propriedades da matéria, e dos mesmos prótons e elétrons que nos compõem. É aí que entram as surpresas...
Os cientistas não podiam esperar que prótons e elétros, que formam células, que formam os tecidos, que formam os órgãos, que formam os sistemas, que formam a gente, sentissem. Não podiam esperar que coisas tão pequenas, juntas, possam sentir tão complexamente. Mas sentem. Sentimos. Humanos sentem! Uns mais que outros, mas seres humanos, em geral, sentem.
O problema é quando sentimos demais. Sempre extremos, ou quente ou frio, morno nunca. Mas existe morno quando falamos de porcelanas? Elas são perfeitas e intactas até o momento em que despencam de qualquer altura, que é quando abandonam sua harmonia para transformar-se em cacos, dezenas de cacos. Podemos colá-la, claro que podemos... mas os que sentem muito, não conseguem mais olhar para a porcelana e encará-la da mesma forma. Não existe o morno para porcelanas. Ou elas são perfeitas, ou não.
Aplauda a complexidade originada por seus prótons e elétrons, ela é você, pura e simplesmente. É você, seus sentimentos, suas angústias, suas fantasias, seus medos, suas barreiras, sua vida. Extremos: ou positivo, ou negativo, neutrons nunca.
Os cientistas não podiam esperar que prótons e elétros, que formam células, que formam os tecidos, que formam os órgãos, que formam os sistemas, que formam a gente, sentissem. Não podiam esperar que coisas tão pequenas, juntas, possam sentir tão complexamente. Mas sentem. Sentimos. Humanos sentem! Uns mais que outros, mas seres humanos, em geral, sentem.
O problema é quando sentimos demais. Sempre extremos, ou quente ou frio, morno nunca. Mas existe morno quando falamos de porcelanas? Elas são perfeitas e intactas até o momento em que despencam de qualquer altura, que é quando abandonam sua harmonia para transformar-se em cacos, dezenas de cacos. Podemos colá-la, claro que podemos... mas os que sentem muito, não conseguem mais olhar para a porcelana e encará-la da mesma forma. Não existe o morno para porcelanas. Ou elas são perfeitas, ou não.
Aplauda a complexidade originada por seus prótons e elétrons, ela é você, pura e simplesmente. É você, seus sentimentos, suas angústias, suas fantasias, seus medos, suas barreiras, sua vida. Extremos: ou positivo, ou negativo, neutrons nunca.
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